segunda-feira, 29 de abril de 2019

Urucubaca

Uma colega da biblioteca chegou dizendo que ao fazer uma limpa no seu guarda-roupa encontrou no bolso de um casaco uma nota de R$50 reais.

Cheio de esperança, também promovi uma faxina em minha casa e dentro de uma gaveta achei um boleto que esqueci de pagar...

Dizem que sorte não existe. Outros, dizem que existe e que é um fase. Assim como também tem a fase em que a gente “tá cagado”.

Estava trabalhando um dia desses com uma preguiça do tamanho de um elefante e bocejando sem parar.

- O que é isso, Paulo? Tá com urucubaca? 

- Bobagem, isso não existe. - respondi pra minha colega.

Quando levantei para ir jogar uma água no rosto, a cadeira giratória deslizou, bateu na mesa do computador e quebrou a chave da gaveta que alguém, imprudentemente, deixou pendurada.

Com esforço, tirei o resto da chave quebrada da fechadura e levei até o chaveiro mais próximo.

- Quanto fica? - perguntei.

- Vinte reais. 

Achei um absurdo, mas, era o que tinha no momento. Coloquei a mão no bolso.

- Cadê minha carteira? 

Havia esquecido na biblioteca.

- Moço, pode fazer a chave que eu já volto. 
           
Voltei pra biblioteca. Abri a carteira. Só 10 reais. Corri até o banco. Peguei o dinheiro. Começou a chover.

O chaveiro ficava na praça e não havia onde esconder.

Quando a chave ficou pronta, eu já estava bastante molhado e comecei a espirrar sem parar.

No caminho de volta, escorreguei. A chave voou da minha mão caindo na grama.

Comecei a apalpar a grama e quem passava de carro não entendia nada. Alguns buzinavam. Outros gritavam algo que eu não entendia.

As pessoas quando não entendem o que veem, são assim: julgam, criticam ou tiram sarro. Eu mesmo certa vez achei que um cara era maluco por estar falando sozinho na rua. Só depois percebi que ele estava com fone de ouvidos falando ao celular.

A chuva já estava forte quando eu finalmente encontrei a chave.

Encharcado, cheguei à biblioteca. Encaixei a chave e tentei girar. Não girou. Voltei ao chaveiro.

- Olha, moço. Não funcionou. 

Ele analisou a chave.

- Putz! Foi mal. Eu te entreguei a chave errada.   

Pensei na chuva que havia tomado à toa e fervi de raiva. Meu corpo até secou.

Exagero!

Peguei a chave certa e voltei à biblioteca. Encaixei. Girei. Nada!

- Não é possível!     

Já estava saindo para reclamar com o chaveiro quando minha colega disse:

- Paulo.

- Eu?        

- Tô achando que essa chave não é dessa gaveta. 

Ela puxou a gaveta e a chave estava dentro.

Alguém tinha encaixado uma chave errada na fechadura. A chave que eu quebrei.

A chuva havia diminuído, mas eu continuava molhado. Atravessei a rua, fui até a loja da esquina e comprei uma camiseta. Na volta pra biblioteca, pisei na merda, mas não percebi.

Dizem que dá sorte. Sorte nada! A moça da limpeza quase me espancou quando deixei um rastro dentro da biblioteca.

Minha colega tinha razão. Era urucubaca sim!




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2 comentários:

  1. Muito bom! Confesso q me identifiquei um pouco kkk as vezes ando meio azarada tb. Rindo muito aqui c as histórias. Parabéns pelo blog, muito legal!

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