segunda-feira, 13 de maio de 2019

Falando com a parede

De segunda à sexta, a biblioteca abre ao público às 9 da manhã. 

Na última sexta-feira, quando faltavam 15 minutos para às 10, uma garota entrou, parou em frente ao balcão da recepção, olhou na minha cara e perguntou:

- Tá aberta ou abre às 10?

Provavelmente, era a primeira vez que ela entrava na biblioteca. Não tinha a obrigação de saber sobre nossos horários.

Mas, meu Deus do céu! A porta estava mais do que aberta, estava escancarada!

(Neste ponto da leitura é possível que você, leitor(a), esteja pensando que sou chato. Mas, leia o que aconteceu na sequência).

- Você tem algum livro sobre deficit de atenção? - ela perguntou.

- Tenho sim. Você tem a carteirinha da biblioteca?

- Daqui não.

- E da Unidade 2?

- Também não.

Aqui em Atibaia temos duas bibliotecas. Quem tem cadastro em uma pode pegar livro na outra. Por isso perguntei se ela tinha cadastro na Unidade 2.

Já a resposta dela, me lembrou aquela velha piada do Programa do Chaves:

- O gato ou o Kiko?

- O gato.

- E o Kiko?

- Também.

Para fechar com chave de ouro. Ou, como diria meu tio, "com chave de bosta", aconteceu isso:

- Do que eu preciso para fazer a carteirinha?

Peguei um papel que contém tudo que é necessário anotado e, vagarosamente, como se explicasse a uma criança de 5 anos, fui dizendo a ela e riscando com uma caneta para facilitar a visualização:

- 2 fotos 3x4 iguais, documentos ORIGINAIS e comprovante de endereço atual e ORIGINAL.

Aí ela pergunta:

- Tudo cópia? 

Respirei fundo.

- Não. É tudo ORIGINAL! 

Ela realmente precisava ler o livro.

Mas será que conseguiria prestar atenção?





Instagram : Paulo Sergio



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