Shirlei havia acabado de se cadastrar na biblioteca e quando lhe entreguei o regulamento ela soltou essa:
- Reparei rapidamente em sua mão e achei bastante interessante...
Percebendo que fiquei meio sem jeito, ela explicou:
- Não estou te assediando... Eu trabalho com as mãos.
- Ah! A senhora é manicure?
- Não.
- Massagista?
Ela sorriu.
- Eu sou quiromante.
- Que legal! Quanto a senhora cobra para ler a mão?
- Nada. Faço porque é meu dom.
Como não havia mais ninguém além de nós, tratei logo de mostrar as duas mãos e ela imediatamente começou a analisar:
- Vejo que antes de trabalhar aqui, houve um período de muita luz na tua vida.
"É porque trabalhei 10 anos na Companhia de Energia Elétrica" – respondi mentalmente.
Ela prosseguiu:
- Há pouco tempo, você descobriu que uma presença feminina na sua vida não era o que você esperava.
"Bom... Ganhei uma gata e chamei de Lurdes. Depois, descobri que não era gata e sim um gato macho. Faz sentido."
- De um ano para cá, vejo que algumas peças não estão se encaixando na sua vida.
"Acertou na mosca! As última 3 peças de teatro que tentei fazer não vingaram. Essa mulher acerta todas!" - continuei deboxando em pensamento. Então, peguntei:
- E o meu futuro?
Ela espremeu os olhos como se estivesse com dificuldades para enxergar.
- Desculpe-me... Vejo o seu rosto, mas... Está tudo esbranquiçado.
"De fato, minha barba e meus cabelos estão precisando de um tonalizante para disfarçar os fios brancos."
Recolhi minhas mãos e agradeci por educação.
Sempre acreditei em videntes, mas, aquela mulher não era quiromante nem aqui nem na China.
Antes de ir embora, porém, ela me surpreendeu:
- Tchau, Paulo Sergio, e obrigado!
Como ela sabia meu nome se eu não havia falado?
Corri até a rua e chamei:
- Shirlei!
Ela se virou.
- Como você sabe o meu nome?
- Eu li no teu crachá.
A honestidade da sua resposta me fez voltar ao trabalho pensando:
"Não se fazem mais charlatões como antigamente..."
INSTAGRAM: Paulo Sergio
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